Antes de você.
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Eu costumava ser muitas coisas antes de você. Eu costumava fazer muitas coisas antes de você. Eu era tão inquieta, Deus, eu não podia me ver parada sem iludir alguém ou me sentir só que isso me deixava louca. Eu não podia me sentir só que já era um motivo pra um bom chilique ou pra uma "boa" procura. Antes de você eu costumava sair mais, sabe, ir pra festas e conhecer gente na qual só socializou comigo pra dizer aos outros no dia seguinte que conheceu todos na festa e que era o mais popular aquele dia, ou pra fofocar sobre as coisas que eu disse a tona pra todo mundo ouvir sobre todos os meus problemas pessoais e alegrias na qual deveriam ser mantidas a sete chaves. Antes de você, eu costumava me preocupar com coisas que, na verdade, não precisavam de preocupação alguma, insignificantes. Antes de você eu escrevia que o amor era pra tantos, menos pra mim, porque eu dizia o quão se apaixonar era ruim e esbanjava minha solteirice, como se eu fosse uma galã e todos me quisessem. Talvez fosse por isso que o amor nunca bateu na minha porta antes de você. Ou talvez eu fosse muito boa mesmo para as pessoas que me cercavam.
Antes de você eu costumava tirar fotos todos os dias, pra que alguém nesse mundo de 7 bilhões de pessoas me notasse com legendas xinfrim, e você me notou. Mas você não me notou porque eu ia pra festas, ou falava sobre minha vida pessoal pra desconhecidos ou esbanjava minha solteirice ou fazia exercícios em uma academia putamente cara ou por me achar muito boa. Você me notou pelo o que eu sou quando estou sozinha e não o que eu sou na frente das pessoas. É, eu ouvi uma pergunta assim: "quem é você quando ninguém está olhando?" mas você estava.
Você me notou enquanto eu dava um tropeço em uma pedra no caminho por causa do meu andar arrastado, ou quando eu balançava meu cabelo quando alguém passava do meu lado. Você me notou enquanto e quando eu fazia coisas nojentas em horário de comer, e me olhou tirando os cravos que tanto me incomodam nesse meu rosto-de-puberdade. Você me notou quando eu levantava minha sobrancelha em hora de estresse e me notou na minha maior timidez. Você me notou quando ninguém estava olhando. E Deus, eu agradeço tanto por você ter me notado.
E é por isso que eu te amo e não só por isso. É porque toda poesia e texto desastrado que há em mim, floresce quando eu estou com você. Eu te amo com todas essas flores presas na garganta sufocando meu maior grito quando eu preciso dizer que eu te amo. E a partir de você, eu vi que eu não precisava iludir alguém, sair a procura de alguém, ir pra festas conversar com pessoas que na verdade não estão nem aí pros problemas da minha vida, que eu não precisava me preocupar tanto (não mais), e que o amor nunca batia a minha porta mas no dia em que você me olhou quando ninguém mais me olhava ele bateu, leve, mas conseguiu me cutucar pra bater um bom papo. Você me mostrou que eu não precisava me expôr com legendas xifrins pra arranjar algo porque eu sou linda sem precisar me esforçar tanto, que eu tenho capacidade de ser aquilo que eu realmente quero ser e que eu posso ser Sol mesmo quando chove, e que eu sou muito, muito boa. Você me deu a liberdade, a calmaria, o amor próprio que eu tanto precisava ver que eu tenho, me deu vontade de ficar em casa pra cuidar mais de você e do nosso amor, e também de sair e descobrir que o mundo é muito mais do que festas fechadas com pessoas fechadas.
Você se destacou no meu coração mais do que os sete lugares mais lindos do mundo que uma população mundial acham que esses lugares são. E se eles te conhecessem, diriam que os sete lugares mais lindos do mundo são irrelevantes perto de você.
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