Socialização Feminina

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As mulheres, desde o início da história humana sofreram opressão, agressões psicológicas e físicas para ser o que o patriarcado – sistema social no qual os homens detêm do poder – espera que elas sejam. A mulher foi socializada para ser produto de consumo do homem, para satisfazer seus prazeres e se tornar mãe da sua prole. Umas das armas mais fortes desse sistema machista, que são usadas para tornar a mulher cada vez mais submissa, são a feminilidade e o padrão de beleza.
Ser mulher nunca foi algo fácil; por anos foram deixadas de escanteio na cozinha, vivendo em uma prisão sem grade, vivendo sem espaço social. Foi propagado pelo mundo e pelas mais diversas culturas que, mulheres foram criadas parar serem submissas aos homens, frágeis e obedientes às regras. Regras essas que elas não poderiam escrever, pois até terem oportunidade e direito à política, muito sangue feminino já tinha sido derramado. Isso quer dizer que, até movimentos sociais com intuito de ajudar as causas femininas - como as inglesas "suffragettes" que foram as primeiras ativistas feministas a lutarem pelo direito ao voto feminino no Reino Unido - aparecerem, era quase impossível ter protagonismo e direito à fala. Segundo Bruna Alvarenga, em uma problematização sobre Higienismo de Gênero e a Socialização Feminina, as mulheres não poderiam ter o mesmo poder social que os homens pois desestruturaria o conceito de família. Família esta que deveria ter o homem gozando dos privilégios e direitos, enquanto as mulheres eram responsáveis unicamente pela educação dos filhos e limpeza da casa.  Escritoras, cientistas, esportistas e outras que quebravam o padrão "boa moça e dona de casa" foram silenciadas por não serem o que os homens idealizavam como mulheres descentes.
Quando pequenas, meninas ganham bebês e panelinhas de brinquedos para começarem a se acostumar com o futuro que as pessoas esperam que elas tenham. É dito a elas que precisam aprender a cozinhar, passar e cuidar dos seus filhos, pois só assim poderão se casar um dia. Não é perguntado se a garota deseja ser mãe ou ter um marido, não é perguntado se ao menos ela sente atração por homens, pois é a norma padrão para se tornar uma "mulher de verdade", e caso você não queira isso para sua vida, é julgada de maneira destrutiva pela sociedade que está ao seu redor. Com isso enraizado no psicológico feminino, muitas mulheres acabam sofrendo de gravidez compulsória, ou seja, muitas não têm vocação e nem vontade, mas, para serem aceitas socialmente se tornam mães. "A mulher ter o PRIVILÉGIO de poder dizer não a maternidade, é uma conquista social feminina. Eu vou criar uma mulher (minha filha), para ser apenas MULHER." Diz Isabel Nascimento de 31 anos, que é mãe solteira e editora da página feminista TODAS Fridas. De fato, a maternidade não deve ser algo obrigatório na vida das mulheres. Se você se vê como mulher, independente de ter vontade de ter filhos ou não, casar-se ou não, você é uma mulher.
O patriarcado inventou um tipo de rótulo invisível, este que é colocado em todas as mulheres desde o momento do seu nascimento: A feminilidade. Foi ditada a maneira como elas devem se comportar, sentar, vestir e agir. Rosa tinha sido designado para meninas, independentemente se é só uma cor que não dita necessariamente se você é mais ou menos mulher. Rosa agora era sinônimo de feminilidade; assim como vestidos, salto alto, boca rosada, bons modos, voz doce e tudo que faz semiótica à fragilidade. Não, não é um problema ser feminina quando você nasce assim, o problema é se obrigar a ser assim.
Mulheres adultas se obrigam a ficar o mais infantis possível, retiram seus pelos, colocam maquiagem para cobrir suas marcas faciais, forçam suas vozes para o tom mais agudo e se mostram frágeis e submissas aos homens. O famoso pés-de-lótus foi um costume propagado na China para que as mulheres usassem pequenos sapatos de até 10cm de comprimento, quanto menor o pé mais femininas elas eram e com isso tinham mais chances de encontrarem maridos.
Mais do que retirada da liberdade física das mulheres, a feminilidade retira a essência e força delas. Ela é uma das coisas que mantem o patriarcado em poder das mulheres. Pois quanto mais femininas as pessoas são, mais fragilizadas e sem força elas se tornam, isso dá uma oportunidade para os homens, tidos como mais fortes e preparados para o mundo, colocar as mulheres às sombras. "A supremacia masculina tem alicerce na misoginia e a feminilidade é justamente a concretização da misoginia sobre cada uma de nós, mulheres. Resistir a ela não deve ser facultativo, mas um dos primeiros passos das mulheres que já querem, mesmo, enfraquecer o patriarcado." diz Keli Alexander, escritora e ativista das causas pelas mulheres.

Portanto para acabar com o padrão da socialização feminina, é necessário que a revolução comece antes de tudo dentro das mulheres, como pessoas. Descobrir se você é quem queria ser ou o que idealizaram de você. A nova geração precisa ficar consciente sobre o poder feminino e toda a história vista pelo olhar das mulheres, a escola é uma arma importante para isso. Faz-se necessário que existam mais mulheres ativas nos locais de fala, ocupando espaços que antes só eram de homens, por isso não se pode parar de lutar pelos direitos femininos. Ainda há muito pelo o que lutar.

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