Meus três poemas favoritos de Florbela Espanca

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Resultado de imagem para florbela espanca desenho    15 de outubro de 2015 foi quando eu descobri essa maravilhosa poetisa, foi em um recital de poemas. Eu estava com "Sonhe" de Clarice Lispector, lembro como ontem quando eu estava com o papel em mãos repassando o poema, eu não queria errar algo, até que ouvi aquele nome ser dito: Florbela Espanca. A princípio eu não dei muita bola, não foi algo que me chamou atenção, foi então que Edu - sim o nome dele é só Edu - leu o primeiro verso do poema, nesse exato momento eu levei o olhar até ele esperando a continuação, totalmente entusiasmada, apenas com uma frase.
     Florbela Espanca estava muito à frente das minhas perspectivas. Desde que eu comecei a procurar sobre Florbela percebi que ela não era como as outras, não se importava com política, não levantava nenhuma bandeira de movimento social, só queria viver a própria vida. Ela era teimosa, se disse POETA em uma época que só homens poderiam usar esse termo.
     Ela era intensa, bem mais que qualquer outro poeta que eu já li. Ela era insaciável, se afogava na vida até transbordar para o papel. Totalmente angustiada, seus poemas são reflexos puros do seu interior, até mesmo uma leitura superficial faz com que você sinta sua dor. Falando em dor, ela sentia tanta que calculou o dia e hora exatas para se suicidar. Às 2 horas da manhã do dia 8 de dezembro de 1930, para tomar overdose de Veronal, remédio que ela usava desde sua infância para conseguir dormir.

    Vamos começar meu top 3? Bom, em primeiro lugar eu coloco o primeiro poema que eu ouvi dela, o do recital.

1.

Nunca fui como todos

Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...



    Meu segundo lugar vai para o primeiro poema da vida dela, o mesmo foi escrito quando ela tinha apenas oito anos de idade.


2. 
A Vida e a Morte

O que é a vida e a morte
Aquela infernal inimiga
A vida é o sorriso
E a morte da vida a guarida

A morte tem os desgostos
A vida tem os felizes
A cova tem a tristeza
E a vida tem as raízes

A vida e a morte são
O sorriso lisonjeiro
E o amor tem o navio
E o navio o marinheiro

  
  Por último escolhi um poema que por muito pouco não me fez chorar, foi nele que eu senti verdadeiramente sua intensidade e dor.

3.


A Minha Dor
A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.

Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal …
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias …

A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve … ninguém vê … ninguém …







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